Dirigentes sindicais dos mais diversos ramos da indústria realizaram, na tarde desta quinta-feira (30), um seminário virtual com o tema “Transição Justa na Indústria”. A atividade contou com a participação de mais de 90 trabalhadoras e trabalhadores em todo o país, que defendem a pauta como política de Estado, bem como a importância da classe trabalhadora ter protagonismo no debate e democratizar as informações.
Mediado pela presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo do Vestuário, CNTRV-CUT, Cida Trajano, o seminário foi organizado pela IndustriALL-Brasil, IndustriALL Global Union, Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e SASK (Centro de Solidariedade Sindical da Finlândia). A iniciativa buscou esclarecer e debater, junto aos dirigentes de sindicatos, federações e confederações em todo o Brasil, o conceito de transição justa para a implantação e fortalecimento de uma política industrial no país.
Os dirigentes entendem que o tema é uma das principais bandeiras do movimento sindical na discussão sobre a crise climática e seu enfrentamento, reconhecem a importância de uma transição para uma economia de baixo carbono e que isso deve integrar uma política industrial brasileira, mas que o tema não se limita somente a isso. A temática propõe a busca por condições de vida e trabalho dignas em meio à mudança, com respeito aos direitos humanos, inclusão das minorias políticas e igualdade de oportunidades, especialmente nos povos e nações do sul global.
Para o diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Gerson Castellano, o tema deve levar em conta o futuro da população e as missões sociais. “Quando falamos de transição justa para os trabalhadores, é para todos os trabalhadores, até mesmo aqueles que não estão em atividade. Precisamos discutir, também com essa população, o futuro dela e quais as necessidades que precisam ser atendidas”, comentou.
O representante do SASK na América do Sul, Patricio Sambonino, comentou que a medida deve ser uma política de Estado. “O objetivo desse projeto de cooperação é a criação de uma política de Estado, não somente de governo, que vá para frente independente de quem está no governo. O papel dos trabalhadores está, justamente, em criar essa estratégia, participar e acompanhar o processo”, disse.
A vice-presidente da CNTM (Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos) e co-presidente do Comitê Mundial de Mulheres da IndustriALL Global Union, Mônica Veloso, definiu a participação da classe trabalhadora como fundamental no debate. “Uma transição que não é inclusiva, não vai alcançar o que queremos para a sociedade. O patronato tem muitos mais instrumentos que nós, mas nós conhecemos gente, os trabalhadores e trabalhadoras. Por isso, entendo que, com essa parceria dessas entidades, vamos conseguir fundamentar o debate de política industrial e governamental para buscar atender os interesses da população”, explica.
O secretário de Meio Ambiente da CUT Nacional, Daniel Gaio, destacou o protagonismo do Brasil e do movimento sindical no debate. “O Brasil voltou a ter protagonismo na decisão e no debate do que vai ser feito sobre as mudanças climáticas.Também em virtude disso, os trabalhadores vão disputar e debater um plano nacional de Transição Justa como instrumento de uma política pública de Estado”, afirmou.
Secretário Regional IndustriALL Global Union para América Latina e Caribe, Marino Vani reafirmou a entidade brasileira como ferramenta de desenvolvimento. “A IndustriALL-Brasil é uma ferramenta de articulação entre os trabalhadores brasileiros, para construirmos uma política de desenvolvimento e reindustrialização no Brasil. Nesse sentido, a participação dos trabalhadores no debate da transição justa é de suma importância, pois só assim nossa classe será incluída no processo”, conclui.
A vice-presidente da IndustriALL Global Union para América Latina e Caribe, Lu Varjão, atentou para a importância do debate com todos os grupos sociais. “É de grande importância da IndustriALL-Brasil pautar esse tema, uma transição justa com responsabilidade social e sustentabilidade, abrindo o debate e buscando entender, por exemplo, o que a juventude e as mulheres pensam sobre o tema”, disse. Na mesma linha, Cida Trajano relata que a classe deve se apoderar da discussão. “Os desafios são imensos, mas devemos nos apoderar dessas pautas e defender os interesses da classe trabalhadora”, comentou.
Integrante do Comitê Executivo da IndustriALL Global Union para América Latina e Caribe, Edson Bicalho, alertou para a participação do governo na discussão. “É um momento importante pois estamos conseguindo pautar o governo, então, devemos levar também esse tema, abrindo o diálogo de forma tripartite e democrática”, relatou.
A atividade integra o “Projeto SASK: Fortalecimento sindical para uma transição justa”, que terá uma série de seminários que vão debater, com trabalhadores e trabalhadoras em diferentes estados brasileiros, o tema da Transição Justa.
O presidente da IndustriALL-Brasil, entidade que comanda a iniciativa no país, explica a importância da construção. “Essa agenda visa difundir e fortalecer, com nossas bases, essa temática que é de grande relevância para a sociedade. A IndustriALL-Brasil, juntamente com todos os parceiros, vai cumprir esse papel de articulação e seguirmos pautando o governo pela construção de uma política industrial que atenda as demandas da população”, comentou.