Por Mauro C. Andreassa*
Graças à continuidade do avanço da vacinação, à diminuição de casos e óbitos relacionados à covid-19, o Índice de Confiança Robert Half ICRH (pesquisa trimestral que monitora o sentimento dos profissionais qualificados em relação à situação atual e futura do mercado de trabalho e da economia) continua refletindo um aprendizado e uma familiarização com as tecnologias de digitalização adotadas na tentativa de mitigar o período de afastamento social. Embora não tão otimista quanto no trimestre anterior, agora o valor consolidado de 48,6 pontos mostra recrutadores bravamente mantendo o otimismo acima dos 50 pontos. Pela primeira vez, o planeta viveu o VUCA – Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade – em sua mais verdadeira grandeza e, pasmem, os desempregados estão mais otimistas, saindo de 46,5 pontos e indo para 47,3. Bravo!
A tecnologia é a grande vedete, e nós temos uma verdadeira revolução na educação. Evidentemente, dentro do conceito-tendência de longlife learning bem antes da pandemia, os ensinos, presencial e remoto, passaram a coexistir e assim, se transformaram em híbrido, pelo próprio impulso dado pela pandemia.
Eu disse “impulso”, mas a culpa não foi da pandemia, pois ela apenas acelerou uma tendência entorpecida pelo conservadorismo. Podemos dizer que a pandemia evangelizou os céticos de plantão, que insistiam no presencial a qualquer custo.
Trabalho dobrado para o setor da educação, que deve desenvolver concomitantemente habilidades presenciais e remotas. Em paralelo, e de forma muito similar, o desenvolvimento do trabalho híbrido, potencializando o equilíbrio entre carreira e vida pessoal, é pauta do candidato, e não somente do recrutador.
A pandemia proporcionou a degustação das práticas remotas, e o sabor foi muito bem apreciado na maior parte dos casos, resultando em algumas dores de cabeça ao empregador e às universidades, na busca de uma fórmula de sucesso.
As novas contratações deverão aproveitar a oportunidade para renovar comportamentos, habilidades e atitudes, muito mais do que apenas selecionar profissionais. Os riscos ainda existem, como as novas variantes do covid-19 e os países que continuam fechando as fronteiras. Diante desse quadro, trabalhar em projetos com headcount variável é uma boa solução de compromisso, e os profissionais, por sua vez, passam a ver isso como uma oportunidade de diversificar o aprendizado. O antigo sonho de longos anos em uma mesma organização começa a esmaecer.
Tivemos algumas restrições que impediram o Brasil e o resto do mundo de promover uma maior recuperação industrial. Um exemplo claro é a falta mundial de chips, que marcou de forma indelével o terceiro trimestre. Mesmo países ditos desenvolvidos, e certamente mais desenvolvidos que o Brasil, mostram debilidades nesse tema fundamental.
Ora, se a internet das coisas (IoT) é um tema prioritário, como o assunto “tecnologia do silício” pode ser deixado de lado?
Mais do que construir fábricas, é preciso construir conhecimento.
Assim, voltamos ao tema.
- As pessoas não querem sair de casa para um trabalho-padrão, por um ensino-padrão, ou seja lá o que for padrão.
- O presencial agora virou um luxo.
- O conteúdo ganhou destaque e, mais do que isso, a nova era é a de sobreposição de conteúdos.
*Mauro C. Andreassa, físico, professor do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) e sócio fundador da L2M Innova e da Big Learning. Também possui cursos de pós-graduação lato sensu pela Faculdade de Economia e Administração da USP e de Administração de Empresas com ênfase em Marketing. Professor associado do Instituto Mauá de Tecnologia desde 1999, conduzindo aulas de graduação de Administração de Empresas, Modelos de Gestão, Gerenciamento Industrial, Suprimento e Qualidade, Indústria 4.0, Processos Especiais (Indústria Automobilística) e na pós-graduação de Engenharia Automobilística etc.