Por Cristiane Mancini*
A energia, seja de qual for a origem, é um dos principais insumos produtivos para qualquer atividade industrial, principalmente para àquelas indústrias altamente demandantes de energia. No entanto, esse ano, uma vez mais, os consumidores residenciais foram os que mais sentiram o inflacionamento das contas de energia (20,1% mais cara em 12 meses), impulsionado pela crise hídrica no País e já que não é possível negociar as faturas que chegam em suas residências.
A boa notícia é que o Brasil avança na produção de energia solar fotovoltaica. De acordo com ranking elaborado pela Agência Internacional para as Energias Renováveis (Irena) o Brasil situa-se na 14ª posição. A primeira posição é tomada pela China (253,8 GW), em seguida pelos EUA (73,8 GW), Japão (68,6 GW), Alemanha (53,7 GW), Índia (38,9 GW), Itália (21,5 GW) e Austrália (17,3 GW).
Segundo a Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltica), todos os sistemas fotovoltaicos instalados no País, representam 1,9% da matriz elétrica, ocupando o quinto lugar no ranking nacional, e ultrapassaram a das termelétricas movidas a petróleo e outros fósseis, o que é muito positivo por questões ambientais e sanitárias.
A energia solar não traz somente economia aos bolsos dos brasileiros, mas a entrada de investimentos estrangeiros (mais de R$ 52,7 bilhões desde 2012), gera novos postos de trabalho, diversifica e evita a emissão de 10,7 milhões de toneladas de CO2.
Os maiores compradores de painéis solares no Brasil ficam por conta de São Paulo (11%), Pará (10%), Minas Gerais (9%), Mato Grosso (7%), Rio de Janeiro (7%), Goiás (6%), Bahia (6%), Mato Grosso do Sul (5%), Ceará (5%) e Maranhão (4%). De acordo com a INEL, foram 212.435 novas conexões de geração distribuída em 2020 e já são 221.880 em 2021, justificado principalmente pela alta das contas de energia, incentivando o investimento na compra de painéis solares.
A tendência para o próximo ano é programas animadores. A Light fará parte do Programa de Energia para o Brasil (BEP) do governo britânico que fornecerá tecnologias de energia limpa e testará modelos de negócios em comunidades de baixa renda como parte do esforço do Brasil para uma transição energética e economia de baixo carbono.
O Solar Pilar também testará tecnologias que auxiliarão as famílias de baixa renda a reduzir suas contas de energia, projeto a ser implementado no bairro de mesmo nome: Pilar, na Baixada Fluminense e em 30 residências e aproximadamente 300 painéis. Ao todo, 240 famílias participarão de um experimento de longo prazo em formato de um “laboratório a céu aberto”.
Os projetos beneficiarão ambos países, promovendo oportunidades comerciais de longo prazo para empresas britânicas e economia financeira para famílias brasileiras, com possibilidade de replicação em outros locais pelo Brasil como forma de reduzir a pobreza através do acesso à uma energia mais barata, mais limpa e inclusiva.
*Cristiane Mancini é economista e mestre em economia pela PUC-SP, docente universitária e autora de livros sobre Economia.