Dia do Cérebro: cuidados com nosso órgão mais complexo garantem longevidade produtiva

Por Leonardo de Deus Silva*

O dia 22 de julho foi a data de criação da Federação Mundial de Neurologia (World Federation of Neurology – WFN) e, desde 2014, escolhido para celebrar aquele que é o órgão mais complexo do corpo humano: o cérebro.

Todos os anos, a WFN elege um tema para evidenciar a importância da saúde do órgão, que pesa aproximadamente 1.200 gramas e contém mais de 80 bilhões de células neuronais, as quais formam um grande aglomerado de conexões que controlam, basicamente, tudo o que fazemos, desde as coisas mais triviais, automáticas, até as mais complexas.

O coração, por exemplo, é a bomba mestre que nos mantém fisicamente vivos. Mas é o cérebro que possibilita ao ser humano usufruir da vida na sua plenitude. É ele que contém os comandos dos nossos movimentos, sensibilidade, funções intelectuais, linguagem, visão, além do controle das nossas funções autonômicas, como, por exemplo, respirar. Sem essas, não seria possível viver.

Mas a complexidade vai além das suas funções somáticas e transcende a barreira do que é físico, palpável. É lá, nas profundezas dos sulcos e giros do cérebro que guardamos nossas emoções, memórias, e toda a maquinaria que nos faz sorrir, chorar, ser felizes e demonstrar nossas emoções.

A interação social, as relações interpessoais e a nossa vida em sociedade também dependem da integridade desse magnífico órgão, pois é por causa dele que podemos refletir sobre nossas atitudes e fazermos juízo daquilo que acontece na nossa vida, no nosso dia a dia.

Neste ano, a WFN elegeu o tema “Saúde do cérebro e deficiência”, enaltecendo a importância de se manter o cérebro saudável e evitar sua deficiência, visto que o impacto das disfunções cerebrais é muito nefasto para o indivíduo, a família e a sociedade. Temos que valorizar a saúde do cérebro, preservando-o o mais saudável possível, sendo esse o caminho mais eficaz para a prevenção das doenças que o afetam.

Uma ilustração dessa importância é o fato de haver, atualmente, no mundo, 50 milhões de pessoas com demência, sendo que 50% dos casos poderiam ter sido evitados com hábitos mais saudáveis de vida, com uma alimentação mais natural, sem o consumo excessivo de álcool, sem tabagismo, com controle mais rigoroso de outras comorbidades e, principalmente, com a prática de atividades físicas e o empenho em aprender novos hobbies e novas atividades cognitivas, como uma nova língua ou um novo instrumento musical.

Várias outras condições neurológicas poderiam também ter seu impacto reduzido com medidas preventivas mais eficazes e mais globalmente disseminadas. Sendo assim, o dia do cérebro deve ser celebrado com esse intuito, o de preservá-lo o máximo possível, pois assim teremos mais chances de uma vida produtivamente mais longa, mais agradável e mais saudável. E quanto mais pessoas se engajarem nisso, melhor, pois a saúde social também depende disso. Ninguém fica para trás.

*Leonardo de Deus Silva (CRM 95975 SP / RQE 22151) é coordenador das especialidades Neurologia e Neurocirurgia do Vera Cruz Hospital, em Campinas (SP), e Membro titular da Academia Brasileira de Neurologia

25 de julho de 2023