Por Ricardo Alvarez*
A nossa caminhada política pela cidade de Belém foi rápida. Uma semana na capital paraense representando a Câmara de Santo André, que trouxe muito aprendizado sobre uma cidade pouco divulgada por aqui.
O acolhimento da população local, numa cidade portuária, que depende em boa parte de um comércio de rua e com alto nível de desigualdade social, foi revelador.
Belém possui basicamente o mesmo orçamento da cidade de Santo André. Mas com uma população de 1,5 milhão de pessoas, o dobro da andreense, segundo estimativa do IBGE em 2020.
Com características históricas e geográficas marcantes, Belém possui um centro velho que reflete a essência do seu povo. A começar pela maior feira-livre da América Latina, chamada de Ver-o-Peso.
De comércio intenso e garantia de emprego e renda para a população, a feira vai além da questão econômica. É um local de preservação e de divulgação da cultura e de produtos locais como o açaí, a tapioca e os artesanatos indígenas.
Passamos por experiências absolutamente marcantes nesta visita. Encontrar uma samaumeira, a maior árvore da Amazônia, em meio a pés de cacau na ilha do Combu, foi sem dúvida uma delas. Energia impressionante!
A natureza exuberante e as características da região, sobretudo para quem mora num centro urbano, reafirmam a necessidade de preservação não só da Amazônia, mas do que resta preservado nos grandes centros.
Na cidade, chama atenção o número de praças e casarões históricos, além da receptividade da população, que transparece as semelhanças e os problemas enfrentados também na nossa região.
As dificuldades em torno do saneamento, numa cidade com estrutura antiga e que chove todos os dias, são evidentes. Por outro lado, a cores, as paisagens – inclusive as urbanas – e o vigor da população nas ruas também são elementos marcantes.
A ação da atual administração municipal, que tem como política pública a redução da burocracia com isenção de taxas, estimula a geração de trabalho, e o pagamento de benefícios às pessoas em situação de vulnerabilidade fazem a diferença.
Em conversa com vereadores e vereadoras também fica nítida a necessidade de implementação de políticas públicas sociais para garantir e ampliar benefícios às minorias.
Mesmo diante das dificuldades, Belém pulsa e caminha para um futuro que progride a partir das ações sociais promovidas em busca da redução da desigualdade local.
Isto foi visível no evento em homenagem ao Dia Internacional das Mulheres na praça da República, recheado de danças típicas e música regional, como o carimbó, em que a população entoava cantigas alternadas com gritos de “Fora Bolsonaro”.
A população da capital paraense é do tipo que se empolga ao falar da sua cultura. A ponto de se sentar à mesa e conversar por horas sobre as características regionais do norte, como aconteceu nesta viagem.
Voltamos com a mala recheada de histórias, ideias e visões, que farão parte das nossas ações na Câmara de Santo André e no ABC.
Em julho, acontece o Fórum Social Pan-Americano, um evento de preservação ambiental na Amazônia que pode servir de exemplo para todo o Brasil. E nós queremos você nessa. Bora, Santo André?
*Ricardo Alvarez é mestre em Geografia Urbana pela Universidade de São Paulo vereador pelo PSOL em Santo André.