Mercado prevê que aumento de 1,5%, com número chegando a 10,75%
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central começou na terça, em Brasília, a reunião para definir a taxa básica de juros, a Selic. É a primeira vez em cinco anos que os juros devem atingir os dois dígitos. Nesta quarta (02), a decisão será anunciada. Segundo o último Boletim Focus, divulgado na segunda (31), a previsão do mercado é que a Selic subirá de 9,25% para 10,75% ao ano nesta reunião.
Para Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos, o Boletim Focus vem apontando para cenários de aperto maior do que a expectativa que ele imagina para o fim do ano de 2022. “Com um cenário até bem positivo para Brasil com commodities para cima e minério em campo bem positivo também, podemos ter um fluxo de mercado de capitais muito positivo. Se o crescimento vier e a inflação diminuir pressão, podemos ter taxa menor que 12% no fechamento do ano, apesar de essa ser a previsão de boa parte do mercado”, explica.
Segundo ele, o tom do comunicado deve citar o ambiente local marcado pela inflação alta e o cenário internacional que também sofre com a mesma questão com países precisando adotar subida de juros: “No Brasil, a queda do dólar frente ao real é bom presságio de diminuição da pressão com relação ao preço dos ativos no Brasil”.
Segundo João Beck, economista e sócio da BRA, escritório de investimentos, a expectativa é que o Banco Central vá subir a taxa dentro do consenso do mercado de 1,50 ponto e já deve sinalizar no comunicado uma desaceleração da subida. “A inflação ainda é resistente, mas já existem alguns sinais que podem trazer algum alívio. Pode aparecer no comunicado um reconhecimento de que a inflação deve desacelerar e novos aumentos na mesma magnitude não serão necessários”, afirma.
De acordo com Leandro Vasconcellos, Head da mesa de alocação Alta Renda e sócio da BRA, a alta da Selic acaba impactando diversos ativos no mercado, inclusive as ações: “Entre os que se beneficiariam de um possível aumento, temos títulos pós-fixados e também aqueles atrelados à inflação, que podem registrar um aumento significativo para compensar a defasagem em relação aos títulos pós-fixados”.
Jansen Costa acredita que, com o aumento da Selic, os tesouros, os ativos pós-fixados são atraentes. “Como o momento de stress diminuiu e o mercado já sabe o que vai acontecer e precificou o aumento da taxa de juros, as taxas prefixadas não estão tão atraentes. Só se tornarão atrativas quando a curva mudar de sentido. Os atrelados a inflação longos dependem de como irá se comportar a inflação ao longo dos anos. Por isso, nesse caso, um título de curto prazo é mais interessante”, diz.