Por Mara Machado*
Os consumidores brasileiros estão questionando uma crença de longa data sobre os cuidados de saúde que recebem. Durante décadas, pensava-se que o Sistema de Saúde proporcionava os melhores cuidados de Saúde do mundo, uma vez que aproveitavam as tecnologias mais recentes, os profissionais altamente treinados e os maiores orçamentos.
No entanto, os relatórios e estatísticas divulgados nos últimos anos mostram um cenário atormentado por erros evitáveis, procedimentos desnecessários e uso indevido e subutilizado de serviços.
Para se ter uma ideia deste cenário, o sistema de saúde brasileiro desperdiça 53% do custo assistencial e a ineficiência no uso do leito hospitalar apresenta 49,3% do desperdício de uma unidade. Os eventos adversos contribuem com 21,3% dos desperdícios e as reinternações hospitalares precoces potencialmente previsíveis representam 13,5% do desperdício. AS internações por condições sensíveis à atenção primária equivalem a 11,5% do total.
Estes resultados de cuidados de má qualidade levaram a dezenas (se não centenas) de milhares de mortes evitáveis, centenas de milhares de lesões evitáveis e bilhões de reais em custos desnecessários para organizações e indivíduos que financiam cuidados neste país.
O sistema de prestação de cuidados de saúde necessita de mudanças estruturais. Os níveis de frustração, tanto dos pacientes como dos médicos e profissionais da saúde, provavelmente nunca foram tão elevados. Os cuidados de saúde atuais prejudicam com demasiada frequência e falham rotineiramente na obtenção dos seus benefícios potenciais e os problemas de Qualidade estão por toda parte, afetando muitos pacientes. Infelizmente, entre os cuidados de saúde que temos e os cuidados de saúde que poderíamos ter, existe um abismo.
Estas constatações e outras semelhantes refletem uma crença crescente entre muitas partes interessadas que algo está fundamentalmente errado com o sistema de saúde brasileiro e que esta situação precisa mudar.
Por isso que sempre comento: o sistema de Saúde brasileiro precisa ser reestruturado por uma política Nacional de Qualidade e de um novo modelo de governança para garantir a equidade e sustentabilidade.
*Mara Machado é CEO do Instituto Qualisa de Gestão (IQG), que há quase 30 anos capacita pessoas e contribui com as instituições de saúde para reestruturar o sistema de gestão vigente, impulsionar a estratégia de inovação e formar um quadro de coordenação entre todos os atores decisórios.
O IQG vem trabalhando com parceiros internos do setor e externos para favorecer a geração de novas frentes para o sistema e colocar os prestadores de serviços em posição mais ativa.
Atua no desenvolvimento de novas e modernas soluções para atender com agilidade as exigências do mercado atual.
*Mara Machado é CEO do Instituto Qualisa de Gestão (IQG), que há quase 30 anos capacita pessoas e contribui com as instituições de saúde para reestruturar o sistema de gestão vigente, impulsionar a estratégia de inovação e formar um quadro de coordenação entre todos os atores decisórios.