Por Luiz Bacellar*
Um dos maiores estigmas do mercado de previdência privada é ser um investimento atrelado a uma idade determinada, com foco na aposentadoria. Cada vez mais, fica claro que esse tipo de aporte é indicado para todos os perfis de investidores. A portabilidade dos dados, uma nova facilidade vinda com o open banking, facilita a mudança de empresas e também de investimentos, o que deverá colocar a previdência privada em evidência pelos benefícios de ganhos e fiscais.
Novos mecanismos que permitem o compartilhamento de dados e que tornam esse um investimento de maior interesse para outros objetivos, o que deve se acentuar ainda mais em 2022.
Conforme a Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), até julho de 2021, a previdência privada, de planos PGBL e VGBL, apresentou captação líquida de R$ 16,4 bilhões, um aumento de 42% na comparação com o mesmo período de 2020.
A seguir, confira mais algumas tendências que listei para ficar de olho no próximo ano.
1.Modalidade renda fixa e diversificação da carteira
Este ano, diante do aumento da Selic, que é a taxa básica de juros da economia (Banco Central), ocorreu um aumento do interesse por fundos de previdência que aplicam em renda fixa. Mesmo assim, a diversificação da carteira ainda e a melhor estratégia e investimentos.
Com as movimentações graças à portabilidade das informações possibilitadas pelo open banking, a diferenciação dos investimentos será a palavra de ouro do próximo ano.
2.Substituição de investimentos na poupança
Os efeitos da pandemia ainda reverberam no orçamento das famílias brasileiras, o que deixou mais latente a necessidade de construir reservas com o objetivo de acumular renda para emergências em novas modalidades e não apenas pensando na poupança, pois ela tem apresentado resultados insatisfatórios e por isso, a previdência privada pode fazer muito sentido para 2022.
Esta tendência deve se acentuar pois a poupança apresenta rendimentos abaixo da inflação e a previdência privada muitas vezes supera este percentual em rentabilidade.
3.Novos objetivos para investir na previdência privada
Diante de juros menores e de uma ampla gama de opções de investimentos a cada dia mais atrativas, a previdência passará a ser vista como uma maneira de acumular capital não apenas para a melhor idade, mas também para alcançar objetivos como comprar uma casa, um carro ou ainda garantir os estudos dos filhos.
4.Modalidades arrojadas
Outra tendência é o amplo entendimento do mercado sobre a importância da aposta de parte dos investimentos em opções mais arriscadas, mas que tragam maiores ganhos no curto e médio prazo, com opções de investimentos em moedas internacionais ou ainda criptomoedas.
A previsão do Banco Central é de que a taxa Selic seja de 11% ou 12% ao ano em 2022, o que indica alta do juro básico da economia para o ano que vem e isso faz com que o cenário futuro torne a previdência privada em renda fixa um dos investimentos mais atrativos, pois de maneira geral, no longo prazo, maiores taxas de juros significam maior rentabilidade para os fundos de renda fixa. Com isso, deve haver mais interessados na modalidade.
*Luiz Bacellar é CEO da Saks. O executivo é especialista em investimentos e fundos de previdência privada, tendo atuado em posições de liderança em empresas do setor por mais de 13 anos. Sua formação inclui MBA em investimentos internacionais pela Saint Paul.