Inflação alta compromete retomada dos festejos juninos


Produtos típicos tiveram aumento de 15,29%, em 2022, com destaque para fubá e milho, que subiram 41%
 Depois de dois anos de hiato dos festejos juninos por conta do novo coronavírus, outro vilão moderno compromete a retomada das comemorações no Brasil: a alta da inflação. É o que revela o levantamento da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), que indica um aumento de 15,29%, nos principais alimentos consumidos nessa época do ano. Dados recentes do cenário econômico brasileiro também corroboram essa guinada nos preços. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que mede a prévia da inflação oficial, o mês de maio deste ano registrou taxa de 0,59%, superior ao esperado pelo mercado e maior do que a registrada no mesmo mês do ano passado, que fechou em 0,44%
 

Comida típica de festa junina

Para Leandro Rosadas, economista, empreendedor à frente de 10 mercados, em 5 estados do Brasil, e especialista em gestão de supermercados, atacarejos, padarias e açougues, os quitutes típicos já vêm sofrendo aumento de preços de forma gradativa, nos últimos anos. “Em 2019, por conta da entressafra e da alta do dólar, os itens da cesta básica do período de festas juninas estavam até 19,59% mais caros. Entre 2020 e 2021, segundo uma pesquisa de uma plataforma que reúne milhões de dados sobre compras no varejo, itens como milho para pipoca e canjica tiveram um aumento de 16,7% e 15,9%, respectivamente. Agora em 2022, estamos diante de uma das maiores inflações dos últimos tempos, então já não é de hoje que os festejos são comprometidos pela instabilidade econômica”, revela.

Mas Rosadas garante que, mesmo com a atual conjuntura, com inflação alta e um consumidor mais cauteloso, a expectativa de aumento de vendas é esperada pelo setor. “Dados da Associação Paulista de Supermercados (APAS) mostraram que em 2020, primeiro ano da pandemia, a venda dos produtos típicos de festas juninas aumentou 0,6%, nos supermercados. Já em 2021, os supermercados venderam 5% a mais de produtos típicos juninos. Se em anos de isolamento social estivemos em uma crescente, mesmo que tímida, de vendas, acredito que em ano de retomada podemos esperar um aumento de 10% nas vendas”, garante o economista.

Diante da atual conjuntura, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicos (Fipe) divulgou um ranking de aumento dos alimentos típicos de festas juninas, onde estão o leite condensado, coco ralado, farinha de trigo, fubá, milho, maçã, abóbora, mandioca, aguardente e vinho. O milho e fubá estão entre as maiores altas, com uma média de 41%. Já os menores reajustes estão no coco ralado e no vinho, com 1,60% e 0,90%, respectivamente. E para auxiliar na tarefa de economizar sem deixar de pular a fogueira e curtir o arraiá no ano de 2022, a educadora financeira Aline Soaper oferece algumas dicas de como diminuir os custos durante os festejos. “Com a alta dos preços e a inflação, as famílias brasileiras precisam estar atentas ao controle financeiro da casa”, alerta a especialista. Para ajudar nessa tarefa, Soaper separou três dicas para ajudar nessa tarefa:

  1. Defina um teto de gastos: “Separe um valor para ser gasto nas festas juninas, isso ajudará a manter o controle financeiro da casa em ordem e não sucumbir às tentações das compras por impulso”, explica Aline.
  2. Fique de olho nas festividades mais baratas: “Festas juninas que acontecem nas praças dos bairros costumam ter preços mais acessíveis do que outras. Lá será possível encontrar quitutes mais baratos e sua família ainda incentivará um pequeno produtor local”, comenta a educadora financeira.
  3. Faça sua festinha em casa: “Se ir aos festejos ainda ficar apertado no bolso da família, uma boa opção é fazer uma celebração temática em casa, com os amigos e familiares, onde cada convidado leva um prato típico para encorpar a festa”, sugere a especialista”.