Decisão anunciada ontem (5) pegou todos de surpresa
A Agência de Desenvolvimento Econômico Grande ABC oficiou hoje (6), a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, para uma reunião urgente, com o intuito de discutir os impactos a saída da Toyota do município de São Bernardo do Campo, anunciada pela montadora ontem (5).
A data do encontro será definida pelo Governo do Estado, e a Agência solicitará a participação do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e da fabricante de automóveis.
Segundo o presidente da Agência de Desenvolvimento, Aroaldo Oliveira da Silva, o anúncio da saída da montadora trará graves consequências para a região, impactando negativamente a retomada da economia e agravando as desigualdades sociais.
“Apesar da indicação por parte da montadora de que irá realocar os funcionários, o que ainda precisa de maior entendimento, a saída da Toyota impacta boa parte da cadeia econômica. São autopeças, restaurantes, bares, escolas, lojas, supermercados, diretamente afetados com a decisão, sem contar os impostos e investimentos futuros. Por isso, a Agência irá dialogar para evitar que o fechamento da unidade se concretize”, explica Aroaldo.
Desde fevereiro deste ano, a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico assinou protocolo de intenções com a Agência, com o objetivo de conjugar esforços voltados ao fortalecimento do desenvolvimento econômico nos sete municípios do Grande ABC.
Trabalhadores aprovam aviso de greve
Em assembleia realizada na manhã de hoje (6) os trabalhadores na Toyota aprovaram a entrega de um aviso de greve e o estado permanente de mobilização contra o fechamento da fábrica anunciado ontem. Os metalúrgicos também autorizaram que a direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC protocole um pedido oficial de reunião com o presidente da montadora. Como forma de protesto, houve paralisação dos três turnos.
“Essa luta pode ser uma corrida de 100 metros ou uma maratona, se for uma maratona, os trabalhadores terão fôlego para enfrentar, caso necessário, vamos trazer a solidariedade de toda a categoria. Faremos o que tiver que ser feito, porque cada um aqui merece respeito, não é assim que se trata os trabalhadores”, afirma o presidente do Sindicato Moisés Selerges.
Selerges destacou a necessidade de que o presidente da companhia participe das conversas com o Sindicato e busque outra alternativa. “Espero que a empresa tenha responsabilidade e vá para a mesa de negociação. Possibilidade de permanência tem, essa é uma empresa que dá resultado, não prejuízo”.
O diretor administrativo do Sindicato, Wellington Messias Damasceno, pontou que os trabalhadores têm total empenho para a manutenção da montadora na cidade.
“Nós temos condição e capacidade de discutir e achar um caminho para a manutenção. O Sindicato não abriu mão desta discussão. Em nenhum momento a Toyota pautou o Sindicato. Ao contrário, estamos o tempo todo pautando a empresa e a disposição para fazer um acordo de longo prazo, que garanta a permanência da planta. Ainda que seja uma fábrica, segundo a própria Toyota, lucrativa, produtiva e que por si só tenha viabilidade”, disse.
“O Sindicato continua à disposição e acreditando que esta unidade pode sim permanecer. Vamos fazer o esforço que for necessário do ponto de vista de articulação”, prossegue.
O dirigente lembrou ainda que em 2015 a montadora firmou um compromisso de proteção dos empregos e crescimento da empresa com os trabalhadores, Sindicato e com a cidade. “Até onde nos consta a Toyota sempre foi uma empresa que cumpre seus compromissos. O Sindicato honra sua parte e vamos cobrar para que a Toyota cumpra também”.
A planta de São Bernardo foi a primeira unidade da Toyota fora do Japão e possui conta com cerca de 580 trabalhadores.