Do ano passado pra esse, a inflação dos cliques aumentou os custos em até 100% e despertou a busca por estratégias melhores e com resultados mais assertivos
A indústria de varejo, e-commerce e as agências de publicidade vêm sendo afetadas com a alta no preço dos cliques em links patrocinados. O aumento no custo dessa estratégia de marketing é um fenômeno que ganhou força em 2021 e gerou um aumento dos custos por clique de até 100% em eventos especiais como a Black Friday e o Natal no Brasil. Os itens mais pesquisados foram eletroeletrônicos, como smartphones, eletrodomésticos e itens para a casa, como air fryer, geladeira e ventilador.
Segundo a diretora de vendas na Similarweb, empresa de inteligência de mercado global que analisa e monitora o comportamento online do consumidor, Juliana Junkes, o fenômeno surgiu com o crescimento da concorrência por espaços publicitários nas redes digitais, que, por sua vez, refletiu no aumento das vendas online durante a pandemia. “O crescimento das vendas tornou o setor e-commerce mais atrativo e permitiu que mais players entrassem no mercado, gerando um aumento da concorrência e do número de empresas buscando investir em estratégias de marketing pagas. Como consequência, houve um aumento na demanda por termos pagos, que levou à inflação dos cliques”, explica.
De acordo com Juliana, a compra por palavras-chave principais está cada vez mais cara e disputada. Enquanto isso, o uso das long tails (termos mais específicos), mesmo não sendo os mais buscados, possibilitam grande oportunidade de rankeamento e são menos concorridos, consequentemente mais baratos também, o que pode ser uma alternativa para agências e indústria.
Abaixo pode-se notar a lista com os dez termos pagos mais buscados dentro do setor de e-commerce e varejo nos últimos 28 dias e os seus valores médios por clique (CPC).
Dentro da categoria “iphone 11”, as cinco palavras-chave mais buscadas geraram um volume de tráfego de 1.740.590 milhões e custaram, em conjunto, 0,30 dólares por clique.
Por outro lado, as seis principais palavras-chave relacionadas ao termo “iphone 11” e que podem ser utilizadas em uma estratégia de long tail geraram tráfego de 1.677.740 milhões e custaram, em conjunto, 0,25 dólares por clique
No caso do produto “iphone 11″, uma empresa que utiliza a estratégia de aquisição de palavras-chave long tail pode gerar mais tráfego para o seu website (1.765.420 milhões) pagando menos (0,24 dólares), em comparação a uma empresa que investe em estratégia de aquisição de termos mais populares, que obtém menos tráfego (1.740.590 milhões) e paga mais caro por isso (0,30 dólares)”, destaca a diretora.
Ao realizar a mesma análise para “notebook” — terceiro termo pago mais buscado nos últimos 28 dias — percebe-se a mesma tendência com ainda mais discrepância entre o valor do investimento e o retorno gerado em volume de tráfego entre a estratégia long tail e a estratégia head tail (palavra-chave mais curta com significado mais longo)
Os cinco head tails mais buscados são termos gerais que se referem a “notebook” e geram um tráfego de visitas de 1.440.690 milhões e somam 0,37 dólares em custos por clique.
As long tails são palavras-chave mais específicas, que fazem referência indireta ao termo principal “notebook”. Os mais populares geram um volume de buscas de 2.474.670 e custam, em conjunto, 0,09 dólares por clique.
“Assim como para o iphone 11, em se tratando de notebooks, a estratégia de long tail pode ser uma alternativa para gerar tráfego com menos custos, e é uma ótima maneira para contornar a inflação dos cliques. Vale lembrar que há de ser inteligente na seleção de termos long tail”, reforça Juliana Junkes.
Tráfego orgânico
Outra boa estratégia para contornar a inflação dos cliques é investir em tráfego orgânico. Segundo Juliana Junkes, o tráfego orgânico é advindo de ferramentas de busca, como o Google, e é conquistado de forma natural, sem o uso de anúncios pagos.
“Para obter maior volume de tráfego orgânico é preciso estar melhor posicionado dentro das ferramentas de busca através da criação de conteúdo relevante. Os resultados obtidos são até melhores do que os alcançados com o tráfego pago, pois são mais duradouros”, afirma.
Na indústria do e-commerce e varejo, as buscas orgânicas são responsáveis por 24,58% do tráfego direcionado aos sites das empresas no setor, enquanto as buscas pagas são responsáveis por apenas 17,22%.